sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Crédito vencido na banca (caso BCP)

Nota: não tenho ações de bancos. Apenas coloco aqui o caso do BCP por ser aquele do qual tenho os dados já recolhidos. Sou cliente BCP via ativobank.pt.

Na verdade, o negócio da banca parece simples.

Recolhe dinheiro dos depositantes que remunera a uma taxa de x%.
Empresta dinheiro a investidores/empresários/particulares e cobra uma taxa de y%.

Enquanto os empréstimos são pagos, com y>x, a margem do banco está assegurada e o negócio decorre sem problemas.

Por definição, de tempos a tempos, há bolhas que rebentam.

No BCP, o ritmo de crédito em incumprimento tem este aspeto, até ao final de 2013:


A taxa de incumprimento está nos 7%.
Não há hipótese de cobrir isto com a margem (y-x)%.
Em 2013, esta taxa era de 1.1%.

Não faço ideia como estão os outros bancos mas, atendendo à dimensão do BCP, aqui estará grande parte da explicação de que

  1. a rentabilidade na banca ainda está longe de acontecer,
  2. há bancos a mais e haverá tendência a desaparecerem ou reduzirem a atividade.
Comentários a estes pontos:
  1. vamos acompanhando e verificando que tal é verdade;
  2. desapareceu o BES, BPN e BPP (por variadas razões), reduziu-se muito o BANIF e os bancos estrangeiros com representações mais pequenas terão tendência a reduzir-se ainda mais (BBVA, Deutsche Bank, Barclays, etc...)
Esta é a minha opinião/perceção acerca desta temática.

Algum comentário ou sugestão? Até breve!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Investir em ações: como e porquê?

Nota: o investimento em ações é arriscado, pode perder-se todo o investimento, como se viu no caso recente do BES.

A resposta certa à pergunta que coloco é: ganhar dinheiro.

No curto prazo, é impossível saber qual é a evolução do preço de uma ação, concentremo-nos no médio e longo prazo.

Ao comprar ações de uma empresa tornamo-nos seus donos. Na proporção do número de ações compradas.

A partir desse momento temos direito a receber os dividendos (se os houver) e estamos expostos à variação do preço das ações na bolsa.

Outras questões a que devemos tentar responder sã as seguintes: conheço a empresa? Os seus bens/produtos/serviços têm qualidade? Acredito que os seus bens/produtos/serviços serão vendáveis e competitivos durante os próximos anos? Sinto-me c onfortável em ser dono desta empresa?

Partindo do princípio que a informação dada pela empresa é correta e verdadeira, podemos analisar uma empresa e perceber se esta é um bom investimento para nós, ou não.

Há uma imensidão de números a analisar mas vou cingir-me apenas a alguns:
  • Vendas
  • Lucro
  • Capital próprio
  • Rentabilidade do capital próprio

O capital próprio é o património dos acionistas ( = ativos - passivos ).

Tão importante como os números em si, preocupo-me mais com a sua evolução.

Os relatórios anuais permitem fotografias a estes números e é com esses que vou continuar este post. Vou dar o exemplo da Corticeira Amorim, com os dados retirados do site pt.investing.com. Esta empresa opera no setor da cortiça, produzindo e transformando-a para as mais diversas aplicações.

Entre 2010 e 2013 (4 anos completos) temos as seguintes variações anuais:
  • Vendas : +5.9%
  • Lucro : +13.9%
  • Capital próprio : +4.0%
  • Rentabilidade do capital próprio : passou de 8.0% para 10.5%

Realço que as percentagens, nos 3 primeiros casos, são anuais. Isto significa que, por exemplo, as vendas aumentaram 5.9% por ano de 2010 a 2013.

Após esta análise  prévia, se a empresa nos parecer viável e de acordo com o investimento que pretendemos, há que verificar se a sua cotação permite que lucremos com a sua compra ou se, pelo contrário, a cotação é demasiado elevada. Por outras palavras: a ação está cara ou barata?

Esta questão fica para um próximo post. 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Matemática e Obrigações do BES

No fim de semana passado, uma pessoa próxima pediu-me para verificar um dos produtos que detinha no BES. São estas obrigações que têm a modalidade de Senior Unsecured. Não tenho (in)formação suficientes para me alongar muito mas, aparentemente, estão garantidas pelo NovoBanco.

Mas não é isso que me traz a este post. Adiante!

Estas obrigações (vou chamar-lhes assim) foram vendidas/criadas pelo BES (sucursal Londres).

Alguns dados: (vou excluir comissões e impostos)

Data inicial : 23/04/2012
Taxa anual : 5%
Preço inicial : 60%
Maturidade : 23/04/2019 (7 anos)
Valor nominal : 50.000€

Isto significa que quem investisse naquele dia 30.000€ ( 60% de 50.000€ ) esperaria receber um juro anual de 2.500€ ( 5% de 50.000€ ) e receber, 7 anos depois, 50.000€.

Resumo: investe 30.000€, recebe 2.500€ (8.3% do investimento inicial) por ano durante 7 anos, na final recebe 50.000€ (valorização do capital de 66.6% ao longo de 7 anos, ou 7.6% por ano).

A taxa interna de rentabilidade esperada nos 7 anos é de 13.8%.

Quem não gostaria de ter acesso a um investimento destes, com retorno alto e garantido?

Vejamos o cenário:

  1. Peço empréstimo de 990.000€, consigo uma taxa de 4,8%;
  2. Consigo que me concedam 14 meses de carência de capital;
  3. Compro 33 obrigações destas, e deposito-as como colateral do empréstimo;
  4. Passados 12 meses, recebo 49.500€ de juros, e pago 47.520€ de juros ao banco;
  5. O banco ajuda-me a não pagar impostos sobre os juros;
  6. Pego nos 1.980€ de diferença e entrego ao banco para pagamento de comissões e serviços prestados;
  7. Passados 2 meses peço ao banco para me vender estas obrigações e há um cliente interessado a quem as vende por 97.5%
  8. Recebo 8.250€ de juros e 1.608.750€ pela obrigações e pago 7.920€ de juros ao banco;
  9. Para arredondar, pago 4.080€ ao banco para pagamento de comissões e serviços prestados e este deposita-me 1.605.000€ na conta.
  10. No mesmo instante, debita-me 990.000€ para amortizar o empréstimo e....................
  11. Fico com 615.000€ na conta, 14 meses depois...
Nada mau!

Bolas, isto terá algo em comum com a realidade?

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Carteira de ações - 31/07/2014

De 31/03/2014 a 31/07/2014 temos isto:

Carteira : -0.6%
Fundo : -11.1%
PSITR : -20.0%

Continuo a beneficiar da não exposição à banca e, por acréscimo, à PT que têm feito correr muito €€ para fora das contas dos respetivos acionistas...

Até breve!